Porém, apesar de todos os
benefícios que o uso de jogos e brincadeiras matemáticas traz na compreensão do
raciocínio lógico, ainda há um receio por parte de alguns professores para o
uso de jogos na educação infantil como forma de atividade educativa. Um dos
motivos é o barulho excessivo das crianças diante dessa atividade. Mas quando o
lúdico está presente a agitação também está. Outro motivo é se o lúdico não
prevalece sobre o educativo. Isso depende do professor, da sua participação e
orientação sobre o que está sendo desenvolvido. Além disso, para que não haja
desinteresse o jogo deve ser adequado ao nível de desenvolvimento dos
participantes, ou seja, não pode ser muito fácil nem muito difícil, e as regras
devem ser compreendidas por todas as crianças. O tempo do jogo deve ser
analisado pela idade, quanto maior o tempo e menor a idade mais desinteresse
pode surgir.
Um ponto que deve ser trabalhado
com cautela é a competitividade que existe no jogo, para que aqueles que não
alcançaram o resultado esperado não se frustrem. Mas por outro lado há no jogo
a cooperação, aspecto positivo a ser trabalhado na escola.
Smole (2000b) defende que o que
se pretende ensinar não é a matemática dos números e operações numéricas já na
educação infantil; o que se prega é que devemos ter consciência de que os
alunos precisam de tempo para desenvolver e construir o raciocínio matemático e
que elas aos poucos ampliarão essas noções através de estimulação e da
curiosidade nata. Como se vê, o conhecimento matemático :
Não
se constitui num conjunto de fatos a serem memorizados, que aprender números é
muito mais do que contar, embora a contagem seja importante para a compreensão
do conceito de número; que as ideias matemáticas que as crianças aprendem na
Educação Infantil serão de grande importância em toda sua vida escolar
cotidiana (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000b, p.9).
O que a autora propõe é que seja
explorado não só o contexto numérico, mas também geométrico, estatístico, através
de atividades que ajudem as crianças a desenvolver a percepção da matemática em
seu cotidiano.
O ato de brincar como uma
maneira de ensinar também é importante, pois enquanto brinca, o aluno amplia
sua capacidade corporal e cognitiva. “Brincar é tão importante para a criança
quanto trabalhar é para o adulto” (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000b, p.13). Como a
própria autora defende, brincar é mais que uma simples atividade lúdica:
É um modo para obter informações,
respostas e contribui para que a criança adquira uma certa flexibilidade,
vontade de experimentar, buscar novos caminhos, conviver com o diferente, ter
confiança, raciocinar, descobrir, persistir, preservar, aprender a perder
percebendo que haverá oportunidades para ganhar. Ao brincar a criança adquire
hábitos e atitudes importantes para seu convívio social e para seu crescimento
intelectual e aprende a ser persistente, pois percebe que não precisa desanimar
ou desistir diante da primeira dificuldade. (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000b,
p.14).
Por meio dos chamados “jogos
simbólicos” é que a criança aprende os papéis sociais que irá assumir e o uso
da imaginação, do faz-de-conta devem ser estimulados e valorizados no trabalho
diário, tanto de forma intencional quanto de forma livre, privilegiando a
organização mental e espacial da criança, mas não de forma estanque,
pré-determinada. O prazer deve estar presente em todas as atividades
cotidianas, e, com certeza, será relevante na consolidação de uma memória
positiva dessa fase para as crianças. Na brincadeira, o prazer deve predominar
sobre a tensão, promovendo o relaxamento, o surgimento de novas ideias e,
consequentemente, o desenvolvimento da criatividade.
Enquanto brinca, a criança
também mostra como está organizando a sua realidade, expressando seus conflitos
internos - que nem sempre podem ser verbalizados. Dessa forma, a brincadeira é
fundamental para que a criança se reconheça e perceba que é parte integrante da
sociedade, fortalecendo seus vínculos afetivos e emocionais.
Referências:
SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I.;
CÂNDIDO, P. Brincadeiras
Infantis nas aulas de matemática- matemática de 0a 6. Vol 1.Porto Alegre:
Artmed, 2000b
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