quarta-feira, 22 de maio de 2013

BRINCANDO TAMBÉM SE APRENDE!


Porém, apesar de todos os benefícios que o uso de jogos e brincadeiras matemáticas traz na compreensão do raciocínio lógico, ainda há um receio por parte de alguns professores para o uso de jogos na educação infantil como forma de atividade educativa. Um dos motivos é o barulho excessivo das crianças diante dessa atividade. Mas quando o lúdico está presente a agitação também está. Outro motivo é se o lúdico não prevalece sobre o educativo. Isso depende do professor, da sua participação e orientação sobre o que está sendo desenvolvido. Além disso, para que não haja desinteresse o jogo deve ser adequado ao nível de desenvolvimento dos participantes, ou seja, não pode ser muito fácil nem muito difícil, e as regras devem ser compreendidas por todas as crianças. O tempo do jogo deve ser analisado pela idade, quanto maior o tempo e menor a idade mais desinteresse pode surgir.

Um ponto que deve ser trabalhado com cautela é a competitividade que existe no jogo, para que aqueles que não alcançaram o resultado esperado não se frustrem. Mas por outro lado há no jogo a cooperação, aspecto positivo a ser trabalhado na escola.

Smole (2000b) defende que o que se pretende ensinar não é a matemática dos números e operações numéricas já na educação infantil; o que se prega é que devemos ter consciência de que os alunos precisam de tempo para desenvolver e construir o raciocínio matemático e que elas aos poucos ampliarão essas noções através de estimulação e da curiosidade nata. Como se vê, o conhecimento matemático:

Não se constitui num conjunto de fatos a serem memorizados, que aprender números é muito mais do que contar, embora a contagem seja importante para a compreensão do conceito de número; que as ideias matemáticas que as crianças aprendem na Educação Infantil serão de grande importância em toda sua vida escolar cotidiana (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000b, p.9).

 
O que a autora propõe é que seja explorado não só o contexto numérico, mas também geométrico, estatístico, através de atividades que ajudem as crianças a desenvolver a percepção da matemática em seu cotidiano.

O ato de brincar como uma maneira de ensinar também é importante, pois enquanto brinca, o aluno amplia sua capacidade corporal e cognitiva. “Brincar é tão importante para a criança quanto trabalhar é para o adulto” (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000b, p.13). Como a própria autora defende, brincar é mais que uma simples atividade lúdica:
 
É um modo para obter informações, respostas e contribui para que a criança adquira uma certa flexibilidade, vontade de experimentar, buscar novos caminhos, conviver com o diferente, ter confiança, raciocinar, descobrir, persistir, preservar, aprender a perder percebendo que haverá oportunidades para ganhar. Ao brincar a criança adquire hábitos e atitudes importantes para seu convívio social e para seu crescimento intelectual e aprende a ser persistente, pois percebe que não precisa desanimar ou desistir diante da primeira dificuldade. (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000b, p.14).

Por meio dos chamados “jogos simbólicos” é que a criança aprende os papéis sociais que irá assumir e o uso da imaginação, do faz-de-conta devem ser estimulados e valorizados no trabalho diário, tanto de forma intencional quanto de forma livre, privilegiando a organização mental e espacial da criança, mas não de forma estanque, pré-determinada. O prazer deve estar presente em todas as atividades cotidianas, e, com certeza, será relevante na consolidação de uma memória positiva dessa fase para as crianças. Na brincadeira, o prazer deve predominar sobre a tensão, promovendo o relaxamento, o surgimento de novas ideias e, consequentemente, o desenvolvimento da criatividade.

Enquanto brinca, a criança também mostra como está organizando a sua realidade, expressando seus conflitos internos - que nem sempre podem ser verbalizados. Dessa forma, a brincadeira é fundamental para que a criança se reconheça e perceba que é parte integrante da sociedade, fortalecendo seus vínculos afetivos e emocionais.

 

Referências:

SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I.; CÂNDIDO, P. Brincadeiras Infantis nas aulas de matemática- matemática de 0a 6. Vol 1.Porto Alegre: Artmed, 2000b



 

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